As eleições, a mídia e o capital.
- profmarcioviegas
- 15 de out. de 2014
- 5 min de leitura

Esta semana conversando sobre política com um técnico que foi ao SINPACEL para consertar o sistema de segurança. Ele me disse que um dos problemas do Brasil é que os salários subiram muito e com isso aumentou o consumo e por conseqüência é isso que está aumentando a inflação. Que o governo, de um lado, não podia ter adotado uma política de aumento real dos salários e, de outro, segurado os preços como de energia, combustível, etc. Fiquei muito surpreso por um trabalhador, empregado assalariado que ele é, ter essa visão das condições econômicas do País.
Só para entender bem sua posição, perguntei o que ele achava sobre os lucros astronômicos dos bancos e das grandes empresas internacionais. Ele respondeu que não tinha uma posição clara sobre o assunto porque não via muito sobre o assunto na televisão. Entendi que o que ele falava era a repetição do que a grande mídia, a serviço do capital conservador, vem dando publicidade reiteradamente. O maior problema é o crescimento do salário, dos direitos dos trabalhadores que cada vez mais avançam. O maior problema é o custo Brasil, que tem como centro das críticas os direitos dos assalariados.
Não há em nenhuma revista ou jornal, seja ele escrito, falado ou televisionado, qualquer citação de que um dos maiores problemas que nós, povo trabalhador, enfrentamos é a grande desigualdade social, educacional e econômica. E que isso passa pela ganância do empresariado brasileiro ávido por lucros cada vez maiores. Não se contentam com crescimentos baixos, na faixa de 1 ou 2% ao ano. Para eles o crescimento tem de ultrapassar 10% ao ano. Vejam o setor de celulose e papel, só ano passado cresceu 13% e para esse ano prevê um crescimento de 10%. E o problema é o salário!
Quem me conhece sabe que tenho dedicado minha vida na luta pelo avanço dos direitos dos trabalhadores, que no final das contas, também são os meus direitos, os direitos das minhas filhas e no futuro serão os direitos dos meus netos e de todos aqueles virão depois. E neste momento estou preocupadíssimo com que está acontecendo nestas eleições no Estado e no País. Pois tenho a clareza que dependendo do resultado, serão os trabalhadores que perderão. A impressão que me dá é que não interessa o que é feito e o que foi feito, simplesmente se deseja mudança não importando as conseqüências. Se vamos perder emprego, se vamos perder direitos, parece que isso nada importa. Parece que ninguém se lembra do que aconteceu em meados e final da década de 90. Quando houve um ataque brutal aos nossos direitos e conquistas. Quando perdemos o adicional de 100% da hora extra, quando perdemos o adicional de 80% de férias, quando perdemos a quinta turma e a escala de turnos, quando perdemos o adicional de turno de 45%. Ou será que alguém acha que aquilo tudo foi obra do além? E não pensem que isso tudo aconteceu só aqui. As mesmas perdas que tivemos varreu o Brasil de norte a sul. Em 1997 quando tivemos o PDV, plano de demissão voluntária, alguns colegas diziam: que legal, a empresa ao invés de simplesmente demitir, paga um número de salários por ano de trabalho. E nós na época não entendíamos o que acontecia. A direção do Sindicato da época, também, não nos dava a mínima. Somente anos mais tarde, quando assumimos o Sindicato é que fomos conhecer a real arquitetura do PDV. O plano de demissão voluntária existiu porque até aquela época o Brasil ainda era signatário da Convenção 158 da OIT (Organização Internacional do Trabalho), que impedia as empresas de demitir. As demissões da época só foram possíveis por que o governo do PSDB, denunciou a Convenção e quando isso é feito, depois de um ano, ela deixa de surtir seus efeitos. Quando o PDV foi realizado no final de 1997, é porque ainda faltava alguns meses para que Convenção 158 deixasse de vigorar. Agora imaginem se em todo esse tempo todos nós tivéssemos estabilidade no emprego? Certamente muitas coisas que tivemos que engolir não aceitaríamos, pelo mesmo sem antes lutar! Isso foi nos arrancado graças a ação de um (des)governo pertencente a um partido neoliberal que é o PSDB e agora quer voltar ao poder. É com a possibilidade de esse tipo de coisa voltar a acontecer que fico apavorado.
Se isso acontecer, tenho certeza que a maior responsabilidade será creditada a grande mídia, a serviço do capital. Não é por acaso que o mercado está todo ouriçado com a possibilidade do PSDB voltar ao poder. Não é por acaso que o FMI (fundo monetário internacional) já começou a dar seus palpites furados. Sim furados, porque se as dez regrinhas do Consenso de Washington tivessem êxito a Europa não estaria com quase 50% de seus trabalhadores desempregados, grande parte passando fome, como na Espanha e Grécia!
Voltando a história do técnico, trabalhador com pensamento capitalista, disse a ele que deveria repensar bastante, pois é com essa visão que o patrão conta para encher seus bolsos cada vez mais. É ele o patrão – representado pela CNI - que está financiando o retorno do PSDB ao poder e quer isso mais do que nunca! Não se contenta com todos os incentivos que este governo já concedeu, precisa aumentar ainda mais seus lucros, agora explorando e tirando dos trabalhadores!
Por fim, no caso do Estado, parece que só o Presidente da CMPC reconhece o empenho pessoal do Governador em viabilizar as obras da linha 2. Digo isso porque na minha avaliação nunca antes na história desse município se viu tanto investimento e tanto empenho de um governador no sentido de que os investimentos acontecessem de fato! E os guaibenses não conseguiram ver isso. Tanto é que ele perdeu no 1º turno em Guaíba! Daí minha avaliação de que não importa muito se o governo no RS faz as coisas certas ou não! Ele não é reconhecido de qualquer forma! Na minha avaliação, achava que o governo Brito não foi reeleito porque ele privatizou as empresas e criou os pedágios, que o governo Olívio não foi reeleito porque não conseguiu segurar a Ford aqui, que o governo Rigotto não foi reeleito por causa do tarifaço, que o governo Yeda não foi reeleito porque quase quebrou o estado com déficit zero. Mas o governo Tarso, esperava que pelo menos os guaibenses que são os beneficiários diretos com os mais de 1000 empregos gerados pela CMPC e os mais de 400 empregos que serão gerados pela Engebasa – geradores eólicos, e os mais de 300 empregos diretos e os mais de 1200 indiretos da FOTON – caminhões, reconhecessem a importância de um governo alinhado com as políticas nacionais. Se outro governo assumir e não fizer nada, tudo bem, ele vai sair mesmo daqui a 4 anos! E ai se vão 4 anos de nossas vidas! Pensem nisso e de um voto de confiança para quem fez e pode fazer mais!
João Caldas
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