Está acabando 2020, ano que ficará marcado na história, pelo surgimento de um vírus que nos fez parar, repensar atitudes, deixar de olhar apenas para o próprio umbigo.
Muitas relações familiares e também de trabalho sofreram mudanças. No país dirigido por um demente, a pandemia não gerou os cuidados e responsabilidades que se espera de governantes que realmente se preocupam com seu povo. Mas o que dizer das mudanças no nosso local de trabalho; na CMPC as coisas estão se transformando numa velocidade assustadora, aproveitando o caos gerado pela pandemia, a direção da unidade de Guaíba tornou ruim o ambiente de trabalho na fábrica, o ambiente que outrora era saudável, hoje apresenta um clima de desconfiança, falta de credibilidade e medo.
No alto de seu egocentrismo, o diretor criou duas fábricas: a fábrica do marketing, que a direção diz que existe, e a fábrica da realidade. Com essa direção algumas palavras como herói, empatia, família e respeito ganharam outro significado.
A CMPC Guaíba é hoje uma fábrica de contrastes. Enquanto nas áreas da fábrica os operadores trabalham com placas de concreto caindo na cabeça, o diretor constrói salas faraônicas, com seus pisos de porcelanato, balcões de mármore e cadeiras caríssimas, enquanto os trabalhadores se alimentam de comida de qualidade questionável, em restaurantes satélites abarrotados de pessoas. O refeitório central está sofrendo uma reforma total, para que os visitantes admirem. Nós, trabalhadores, somos chamados de heróis, pois durante toda a pandemia estivemos trabalhando, gerando riquezas para a empresa, mas na convenção coletiva o diretor faz questão de deixar claro que reconhecer os “heróis” no salário não faz parte de sua empatia junto a esses mesmos trabalhadores. Somado a isso, os protocolos da covid-19 nada mais são do que jogadas de marketing, enquanto operadores são cobrados para o cumprimento dos mesmos, muitos chefes não os respeitam.
A CMPC realiza obras pela cidade, como as orlas da Alegria e Alvorada e até mesmo a construção de um pseudo hospital para ganhar a simpatia dos moradores, enquanto na fábrica novos funcionários são contratados com salários baixos.
Empatia não significa espalhar grandes murais com o rosto de trabalhadores estampados por toda a fábrica. Demonstrar respeito e reconhecimento não é oferecer presentinhos, como álbuns de figurinhas, tábua de carne e enviar convite para trabalhadores em redes sociais, isso na verdade é oferecer esmola a quem deixa parte de sua vida dentro da fábrica. Quanto aos convites para rede social nada mais é que uma monitoração consentida, já que o perfil que envia o convite é profissional e não pessoal. Lamentavelmente, passamos de uma grande fábrica, que nos dava orgulho, para uma fábrica grande, na qual a inversão de valores se mostra uma constância.
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